Carreiro novo Que não sabe carreá Não passa carvão no eixo Pra fazê o carro cantá O meu pai foi um carreiro Isto eu posso jurá Cada vez que o carro canta Dá vontade de chorá Eu estudei medicina Hoje sou doutor formado Mas o meu pai foi carreiro Famoso e respeitado Na região do sul de Minas Distante do povoado Eu conhecia seu carro Num cantar apaixonado Hoje minha vida é amarga Fiquei com o peso da carga E a saudade do passado Meu pai pitava paieiro Feito só de fumo bão Tinha um chapéu meia aba E um paletó jaquetão E um facão jacaré Pendurado num cambão E o rastro da boiada Deixava marcas no chão Não usava candeeiro Sua imagem de carreiro Eu guardo no coração Igual rodeiro de carro Que escreveu pro chão afora Carregado de café Ou de madeira em tora A minha caneta escreve Enquanto os meus olhos chora É uma carta de saudade Pro meu pai que foi embora Numa estrada azulada Sem carro e sem boiada Lá nas campinas da glória Carreiro novo Que não sabe carreá Não passa carvão no eixo Pra fazê o carro cantá O meu pai foi um carreiro Isto eu posso jurá Cada vez que o carro canta Dá vontade de chorá