Meu avô chegou do norte De noite me procurou Contou causo do Lampião Que até me admirou Lampião morreu de velho Mas matar ninguém matou A história eu escrevi E depois eu aprendi Com o coral que me cantou Virgulino, Virgulino Quando foi cabra valente Nas caatingas do nordeste E catingava chumbo quente Ele disse que o Lampião Lá nunca ficou por baixo O punhal que ele tinha Furava fundo de tacho Na batalha que ele fez Na beirada de um riacho Morreu gente de montão Virgulino Lampião Era mesmo um cabra macho Que mataram o Lampião Meu avô não acredita Ele disse que o papel Aceita qualquer escrita A morte do Lampião No cinema foi só fita Ele deixou o cangaço Para viver lá nos braços Da Maria mais bonita Virgulino, Virgulino Quando foi cabra valente Nas caatingas do nordeste E catingava chumbo quente Meu avô falou bonito Bonito como ninguém Porque seus conhecimentos Garanto que ninguém tem É do tempo da pataca Do mil réis e do vintém Acordei fiquei de espanto Meu avô veio num sonho Ele já morreu também