Lutam na cidade por espaço, os edifícios e os carros Surge na revista um golpe sujo de um crime inventado Ronca no estômago a fome indecente dos bandidos Quem descansa vendo o caos vencer? Grita o pedaço arrancado de alguma utopia Dorme ao relento um sorriso esquecido no passado Ontem dois meninos se beijavam hoje ambos estão mortos Quem se cala quando o amor morreu? Onde o amor se escondeu? Por perto eu quero os meus Por perto eu quero os meus Quem nunca se vendeu Artistas e artesãos As putas e os peões Seus sonhos e paixões Viados e plebeus Por perto eu quero os meus Oram dois pastores convertendo esperança em dinheiro Cobram dez por cento e cantam hinos pra louvar um candidato Dobra-se a igreja pra erguer um novo templo sem impostos Quem descansa vendo a fé render? Fecham com letreiros o horizonte povoado de favelas Um navio negreiro em cada cela de presídio é dizimado Brilham vaidades construídas com o sangue de escravos Quem se cala quando o amor morreu? Onde o amor se escondeu?