Thiago Elniño

Os Pretinho Bem (part. Tássia Reis)

Thiago Elniño


Dizem que eu sou agressivo mas mano eu não acho
De perto de mim racistas eu despacho
Cêis veem despacho e dizem Deus me livre
Eu faço despacho, eu sou um preto livre

Na fé de quem me orienta que é meu Orixá
Cêis calarem nossa voz eu não posso deixar
O que é bom e tem minha cor eles querem pintar
De branco, é dizer que é deles pra depois lucrar

A muito tempo eles caçam nosso povo
Usando nosso próprio povo como cão de caça
E o nosso povo morde o nosso próprio povo
Pois mano, pro nosso povo a carne
E sempre escassa, desgraça

E as orações pra um Deus
Pintado de branco não surtem efeito
Um defeito de cor
E as orações pra um Deus
Pintado de branco não surtem efeito
Pelas pretas e máscaras brancas

Então procure por mim na tempestade
Que no vento de Oya eu vou causar tumulto
Eu causo alarde pois a causa é alarmante
E dessas lagartixa eu não aceito insulto

Ofensivo né? Viu como é ruim?
E cêis ainda chamam os preto de macaco
Eu recolho meus cacos feito uma fênix com uma tocha no bico
E que a cada agressão eu me refaça, eu renasço

Eu só quero os pretinho bem

O pensamento é um furacão
Que move e remove tudo sem explicação
Eu me perco no tempo, me sinto ao relento
Por que todo contratempo
Vem com cheiro de missão, então segura que eu

Assumo a culpa, assumo as contas, seguro as pontas, meiuca
Já fui mais tonta e cabeluda agora só meto a maluca
De tanto lidar com biruta, é tanta desculpa barata
Mexem tanto na sua cuca, todo dia isso te mata

Nem respira, parece tão comum
As poucos a mente sente que vai definhar
A sobrevida sendo apenas mais um
Que não sabe se hoje poderá voltar

Quantos mais precisam morrer
Até que essa guerra acabe
Marielle disse e ainda que o ciclo se repetisse
Mostrou o que geral já sabe

If you don't know, now you know
If you don't know, now you know
If you don't know, now you know
É tanta dor que no verso no cabe

Que Oya me guarde, fortaleça minha vontade
De viver e a você que nunca seja tarde
Nos livre da maldade, da mediocridade
De morrer na mão desses covarde

Eu só quero os pretinho bem