Eu sou Eu sou a ladra do lugar de fala Da ladra do lugar de fala Da preta preta suburbana Mana barraqueira Eu fui A voz do samba, não serei sua cloaca Lá vai um bloco deitado na maca Atravessando a Lapa Na manhã da quarta-feira Vem cá Me dá um beijo, meu fascista preferido Vem cá Me dá um beijo, meu feitor, meu inimigo Que eu quero ver o mundo velho se acabar De tanto não saber amar Eu sou Eu sou quem lacra quem me simulacra Pra me perpetuar escrava De sua alforria lavrada só de brincadeira Eu fui A voz do bamba, não serei sua mordaça Tem branca insossa arrumando arruaça Mas eu não sou dessas É outra a minha bandeira Por que Sinto saudade tão doída do futuro? Por que Sinto vontade de escutar a voz do mudo? Acho que espero um novo samba se ouriçar Na hora em que Zambi voltar Eu sou Eu sou Dandara e fui psicografada Por um branco um pouco pancada Que rouba o meu lugar de fala E me revela inteira Eu sou A flor da nova abolição Da manhã brasileira