Sentado à berma da tristeza Aguardo a bondade de alguém Que me empurre ou me levante, Que seja a minha vontade e avante. Mas que me salve desta incerteza, A inércia de quem se não tem Em conformada demasia: Pois que ou me afogue na infelicidade, Essa sorte salgada, Ou lhe vire as costas e a castidade. Mas não apodreça no nada Desta berma vazia! Sentado à beira da tristeza Como se não houvesse mais onde descansar, Como se gostasse de a ver passar Em lamúrias vagarosas, Como se quisesse a certeza De que sei não plantar apenas rosas.