Querência e cidade meus companheiros há uma diferença muito grande. Lá na querência quando amanhece Agente esquece todos desabores Cá na cidade quando amanhece É um inferno o ronco dos motores A diferença de uma coisa e outra Que me perdoe agora meus senhores Cidade é selva de cimento armado O homem é ferra embora estudado Lá na querência é um jardim de flores. E querência amada. Lá na querência um fio de bigode Fecha um negocio vale um documento Cá na cidade um fio de bigode É coisa a toa que vive ao relento A diferença de uma coisa e outra Perdoe-me senhores um momento Cá na cidade o advogado fala Lá na querência se resolve a bala Finda pra sempre um aborecimento. Há...há o defunto sai mais barato. Lá na querência a mulher é simples E tem o cheiro das flores da mata Cá na cidade a mulher é isnobi E a maiori delas é engrata A diferença de uma e da outra Perdoe-me senhores de gravata Lá na querência a mulher não se pinta Cá na cidade é na base da tinta Come pão dôce, lá come batata. E a batatata da mais força mesmo. Lá na querência canta os passarinhos Como é bonito quando o sol levanta Cá na cidade a busina é música E no asfalto o pneu é que canta A diferença de uma coisa e outra Peço senhores em nome de santa Lá na querência nós fazer visita Pra ver que a vida lá é mais bonita Do homem grosso que lavra e planta.