A bença, mãe preta Guerreira vestida da noite Lembrança do sangue, o suor Do tronco e do açoite A pele é o céu sem estrela E o sorriso é a Lua Malícia do velho caboclo dominando a rua Andar com fé eu vou De pé no chão eu vou Com meu cantar Se for a pé eu vou Punho cerrado e a ginga pra lutar Andar com fé eu vou De pé no chão eu vou Com meu cantar Se for a pé eu vou Punho cerrado e a ginga pra lutar Deixa eu falar do confronto, do relento Do resgate, do encontro Com a cultura e a história do combate Se você não nasceu preto, cê não sabe nem metade E, com máximo respeito Eu vou fazendo a minha parte A mãe com o filho no colo Subindo o morro Sente o pé descalço na terra preta O grito contido da rua ta se armando De papel e de caneta Andar com fé eu vou De pé no chão eu vou Com meu cantar Se for a pé eu vou Punho cerrado e a ginga pra lutar Andar com fé eu vou De pé no chão eu vou Com meu cantar Se for a pé eu vou Punho cerrado e a ginga pra lutar Entra na roda de Angola Sente o atabaque, o som do viola Eu vim de Luanda e não vim sozinho Pai Oxalá me ilumina o caminho Ouço, na chuva, o cantar de Nanã Vim protegida e com a mente sã Eu floresci dentro da pele preta Quando entendi que ela não é vilã Preto no branco, que me orgina Me revelou que essa é minha sina Inconformada, sou desde menina E hoje trago o que a vida me ensina Raízes fincadas tão fortes, cheias de vidas Crescem ligadas à terra preta É o grito contido do gueto E ta se armando de papel e de caneta Andar com fé eu vou De pé no chão eu vou Com meu cantar Se for a pé eu vou Punho cerrado e a ginga pra lutar Andar com fé eu vou De pé no chão eu vou Com meu cantar Se for a pé eu vou Punho cerrado e a ginga pra lutar Oyá, Oyá, Oya, Oyá A bença, mãe preta Guerreira vestida da noite Lembrança do sangue, o suor Do tronco e do açoite A pele é o céu sem estrela E o sorriso é a Lua Malícia do velho caboclo dominando a rua A bença, mãe preta Guerreira vestida da noite Lembrança do sangue, o suor Do tronco e do açoite A pele é o céu sem estrela E o sorriso é a Lua Malícia do velho caboclo dominando a rua Oyá, Oyá, Oyá, Oyá