Tay Oluá

Ginga

Tay Oluá


A bença, mãe preta
Guerreira vestida da noite
Lembrança do sangue, o suor
Do tronco e do açoite
A pele é o céu sem estrela
E o sorriso é a Lua
Malícia do velho caboclo dominando a rua

Andar com fé eu vou
De pé no chão eu vou
Com meu cantar
Se for a pé eu vou
Punho cerrado e a ginga pra lutar
Andar com fé eu vou
De pé no chão eu vou
Com meu cantar
Se for a pé eu vou
Punho cerrado e a ginga pra lutar

Deixa eu falar do confronto, do relento
Do resgate, do encontro
Com a cultura e a história do combate
Se você não nasceu preto, cê não sabe nem metade
E, com máximo respeito
Eu vou fazendo a minha parte

A mãe com o filho no colo
Subindo o morro
Sente o pé descalço na terra preta
O grito contido da rua ta se armando
De papel e de caneta

Andar com fé eu vou
De pé no chão eu vou
Com meu cantar
Se for a pé eu vou
Punho cerrado e a ginga pra lutar
Andar com fé eu vou
De pé no chão eu vou
Com meu cantar
Se for a pé eu vou
Punho cerrado e a ginga pra lutar

Entra na roda de Angola
Sente o atabaque, o som do viola
Eu vim de Luanda e não vim sozinho
Pai Oxalá me ilumina o caminho

Ouço, na chuva, o cantar de Nanã
Vim protegida e com a mente sã
Eu floresci dentro da pele preta
Quando entendi que ela não é vilã

Preto no branco, que me orgina
Me revelou que essa é minha sina
Inconformada, sou desde menina
E hoje trago o que a vida me ensina

Raízes fincadas tão fortes, cheias de vidas
Crescem ligadas à terra preta
É o grito contido do gueto
E ta se armando de papel e de caneta

Andar com fé eu vou
De pé no chão eu vou
Com meu cantar
Se for a pé eu vou
Punho cerrado e a ginga pra lutar
Andar com fé eu vou
De pé no chão eu vou
Com meu cantar
Se for a pé eu vou
Punho cerrado e a ginga pra lutar

Oyá, Oyá, Oya, Oyá

A bença, mãe preta
Guerreira vestida da noite
Lembrança do sangue, o suor
Do tronco e do açoite
A pele é o céu sem estrela
E o sorriso é a Lua
Malícia do velho caboclo dominando a rua
A bença, mãe preta
Guerreira vestida da noite
Lembrança do sangue, o suor
Do tronco e do açoite
A pele é o céu sem estrela
E o sorriso é a Lua
Malícia do velho caboclo dominando a rua

Oyá, Oyá, Oyá, Oyá