Esboce, esboce, esboce Tem tanto do céu no sou Tanto véu na cor do amanhã Esboçe, esboçe, esboçe Tem tanto consenso pro tudo que acho É na contramão que o sentido bom-sensa Esboçe, esboce, esboçe A mágoa mágoa O azedo azeita Esboce, esboce, esboce Na fagulha do minto encontra-se o riso Irrisório perigo de trair-se a si outro Esboce, esboce, esboçe A manhã rascunha o escuro Que borra a clarititude Esboce, esboçe, esboçe É do ontem que necesseríamos Que resiste o diário Esboce, esboce, esboce Sem tudo por perto Sem nada por longe Esboçe, esboçe, esboce Um pano molhado Dum pranto agridoce Esboce, esboce, esboce A altitude do corpo Na longitude da atitude Esboçe, esboçe, esboçe Um anjo acaba de cair Na frustação do destino Esboce, esboce, esboce Até a caneta Sentir-se amassável Esboçe, esboce, esboce Cantarolo o chuveiro Nas nuvens do pronto Esboce, esboce, esboce Perdi o senso Na ciência do tento Esboce, esboce, esboce Às vezes o que sinto Escreve o oposto Esboce, esboce, esboce Não tão raro Pródigo o futuro Esboce, esboce, esboce Cemitério da coisa Defunta a imagem Esboçe, esboçe, esboçe A partir de outrora Provém o até quando Esboce, esboçe, esboçe Me senti um menino Untando as ideias Esboçe, esboce, esboce Até que um raio o parta E des manche a borradura Esboce, esboce, esboce Quando o vento quebra Quem quebrou o vento? Esboçe, esboçe, esboce Na sismaria dos desejos Silêncio no estilhaço Esboce, esboce, esboce Até quando não achar Rabiscagem que o valha Esboçe, esboçe, esboçe Primazias fulgazes Sem limites esferográficos Esboce, esboce, esboce O último verso pode significar O início dum entendimento Esboce, esboce, esboce Pra que se limitar Ao assoalho do caderno? Esboce, esboce, esboce Me traga uma palavra Que te trago meu fumaço Esboce, esboce, esboce Quando chegar a hora certa Não existe tempo errado Esboce, esboce, esboce Quando transbordar o nada Esborre, esborre, esborre