Vale dos sinos, a menina vem Andando na colheita da macela A jasmim-manga na orelha dela E a cor de canela que é a pele que ela tem Já o menino vem do interior De preto e cabelo enrolado Meio milonga, meio rock requentado Procurando sonhos, caminhando só E o universo conspirou também Para que tenha um pouco de amor Onde tão pouco tem Nesse mundo E o samba-côco fez o corpo remexer Num beijo resistente e molhado Na areia fina, pra sambar do outro lado E ver nascer a flor do vida outra vez E o compasso vira dança popular Vira dois que de repente viram um Que viram muitos num caminho em comum Pra dentro e fora de si tudo revirar Se perguntarem o que é o amar Não responda, não Por mais que haja coisas da razão Há sempre algo que explode em contradição E amarra, amassa, amarga, amedronta E, enfim, desponta Como a gota do oceano vai à nuvem E o universo conspirou também Para que tenha um pouco de amor Onde tão pouco tem Nesse mundo