Eu ali tô me lembrando De um bom cumpadre que eu tinha Valente como o diabo Pior que galo de rinha Quando o cumpadi puxava Sua faca da bainha Até a própria polícia Prometia, mais não vinha Me contou um pescador Lá do rio Tabacaí E na costa deste rio Ninguém mais pescava ali Porque diz que aparecia Uma cobra sucuri E aquela cobra fazia Todos os pescador fugi Eu contei pro meu cumpadre Ele garrou, pegou o arri Convidou pra nóis i lá Ai eu já me arrependi Prá ele não embravecer Eu fui obrigado a ir Lá na costa deste rio Ver a cobra sucuri Nóis cheguemo na barranca Eu senti um arrepio Mais quando eu vi a cobra O meu cumpadre também viu Na água fez uma onda Na onda a cobra subiu E ainda por desaforo Deu uns quatro ou cinco pio Meu cumpadre vendo a cobra Já foi regaçando as manga Deu um jeitinho no corpo E na sua facarranca A cobra veio piando Veio subindo a barranca E eu também já fui subindo Num pé de figueira branca Lá de cima eu tava vendo Como um homem se desdoobra Ai vi que o meu cumpadre Tinha destreza de sobra Ele foi dando um jeitinho Vou fazendo uma manobra Invés de a cobra come ele Ele é que comeu a cobra Depois da cobra comida Meu cumpadre embraveceu Olhou para mim e disse: Por que foi que tu correu? Ora, ora, meu cumpadre Tu bem sabes quem sou eu Eu tava louco de medo Da cobra que tu comeu