Quanta saudade eu sinto agora Do lugarejo onde eu morava A nossa casa na beira da linha Do trenzinho que ali passava Ficou gravado em meu pensamento Aquele apito longo e vibrante Fazendo o eco ressoar na mata Igual um grito angustiante Pelos domingos no cair da tarde Na estação o povo reunia Para esperar alguém que chegava Ou despedir daquele que partia Quando o comboio que levava o povo Dava a partida deixando a estação O trenzinho saía apitando Os passageiros acenando a mão Aquele trem que deixava saudade Também levava esperanças belas Quantas paixões nasceram de uma flor Arremessada por sua janela Nossas passagens que marcaram muito Jamais saíram de minha lembrança O trem de ferro que levava tudo Levou também meu sonho de criança Foi quando um dia meu pai bem velhinho Já sem forças pra lavrar o chão Não mais podendo cultivar a terra Foi dispensado pelo seu patrão Chegou a hora da nossa partida Para viver num mundo diferente Parece até que o trenzinho chorava Naquele apito tão comovente Aquele tempo que ficou distante Tempo passado de alegria e glória Adeus trenzinho que deixou saudade Pra fazer parte de minha história