Aos que nunca compreendi E sei que não vão se calar Que abracem qualquer confusão Que o desarranjo seja paz Aos que nunca compreenderam E guiam-se por postulados Que entendam que não há arrimo E a voz que escuta está abafada e sem tom Essa voz não vai cessar Nem quando o tempo clarear A essência se desfaz do som E a tinta borra o meu papel Não há nada pra entender Bastonetes só revelam Cenas turvas desfocadas Um estranho na calçada Que se esquiva de um olhar Não entende o valor que esse espelho tem O silêncio mostra o real As almas são incomunicáveis Deixa o teu corpo entender-te com outro corpo Por que os corpos se entendem, mas as almas não Mais um gole de discurso Meus excessos, seus sermões Se eu ouvisse o que o mundo trova Seria um dom Outro estranho na calçada Que se esquiva de um olhar Não entende o valor que o silêncio tem Mas eu corro desse espelho pra evitar os sons da mente