Sinto suas pegadas, passos lépidos Seu olhar em mim, ardente e vívido Um bicho esfomeado pelos cantos, pronto para devorar Sinto suas mãos, o toque enérgico Dando-me um ósculo explícito Um bicho encarcerado com outros tantos, pronto pra se libertar Espero que o inferno Não mate a inescrupulosa sede de ver meu corpo queimar Mas quero! Ai, como eu quero Ver seu desejo todo esmigalhado na bigorna de testar Ele vai citar as escrituras quando lhe convir Só pelo prazer de ver-te cirandar num ir e vir Te fará provar com a boca o doce e a agrura Servirá banquetes entre lucidez e a loucura Ah, ah Libertai essas paixões O caminho que leva ao monte dessas tentações Semblable à un acteur imparfait qui en scène est jeté Par sa timidité hors de son rôle, ou à un être en délire Qui, emporté par trop de frénésie, sent son coeur S’affaiblir par l’excès de la force Em minha boca o sopro do teu hálito Em meu seio seu anseio líquido Que espera devassado um animal sedento pra se alimentar Você, feito a sombra de um reflexo Se projeta ao breu do meu espírito Talvez eu seja tudo isso mesmo Mas não queira acreditar Espero que o inferno Não mate a inescrupulosa sede de ver meu corpo queimar Mas quero! Ai, como eu quero Ver seu desejo todo esmigalhado na bigorna de testar