Som d' Villa

Vai Vai / Tuiuti 2018

Som d' Villa


Vai ecoar
O canto da negra raiz do samba
Ao som do tambor que vem lá de luanda
Uma linda história
O acordeon a sua inspiração
Lá pras bandas do sertão
O tom do violão mostra que a verdade vai vencer
O que será do verso sem luar?
Pra colorir a vida ao te ver cantar

O rei da brincadeira, ê josé
Não tem mais confusão, ê joão
Esse mundo dá voltas, camará
Zum zum zum zum zum, capoeira

A voz que não se cala clama a liberdade
A lagrima resume a saudade
Ah! Se eu puder falar com Deus
Na luz dos meus orixás
E na força dos filhos de Gandhi a paz vai eternizar
A fé, esperança do povo
Que tudo pode melhorar
Seguindo os passos que o mundo aplaudiu
Aquele abraço, Gilberto Gil

Hoje a sua voz vai emocionar
Só quem é vai vai sabe o que é amar!
Na bela vista todo mundo vai sambar com fé
Porque a fé não costuma faiá

Irmão de olho claro ou da guiné
Qual será o valor? Pobre artigo de mercado
Senhor eu não tenho a sua fé, e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar escravidão e um prato de feijão com arroz
Eu fui mandinga, cambinda, haussá
Fui um rei egbá preso na corrente
Sofri nos braços de um capataz
Morri nos canaviais onde se planta gente

Ê calunga! Ê ê calunga!
Preto velho me contou, preto velho me contou
Onde mora a senhora liberdade
Não tem ferro, nem feitor

Amparo do rosário ao negro benedito
Um grito feito pele de tambor
Deu no noticiário, com lágrimas escrito
Um rito, uma luta, um homem de cor
E assim, quando a lei foi assinada
Uma lua atordoada assistiu fogos no céu
Áurea feito o ouro da bandeira
Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel

Meu Deus! Meu Deus!
Se eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro
Liberte o cativeiro social

Não sou escravo de nenhum senhor
Meu paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti, o quilombo da favela
É sentinela da libertação