Até quando vamos ter que suportar Crianças carentes perambulando sem nenhum lar O caminho da devoção, a sorte de um pivete Na mão um crack, na outra um canivete A lágrima escorre no rosto, eu já não sei o que fazer Batucada de terreiro, agora eu sou um erê A luta não me cansa, vou cantar nessa ciranda Cantar por esses palcos, pois eu sou um filho de umbanda Sagrado para todos, sagrado como nós Cair de joelhos diante dos ebós Vou correr a gira, vou pedir a proteção Olhai essas crianças, meu são cosme e damião Pois a bala é de chumbo e toma conta deste mundo Mata josé, mata maria, mata raimundo Mas não mata a minha vontade de viver Pois eu sou do bem e é o que vai prevalecer É uma pena que a realidade nem sempre termina assim Injetaram mais uma coca no doce de amendoim Viciaram mais um moleque e eu não sei o que fazer Rangendo os dentes de frio e não tendo o que comer Debaixo daquela ponte onde passa o trem Em nome do pai, do filho, do espírito santo, amém Eu vou na dança, ciranda, no samba, maculelê Fazendo meu hip-hop feito um erê Eu vou na dança, ciranda, no samba, feito um erê Fazendo meu hip-hop, maculelê "tem paciência dois-dois, que eu dou camisa azul E para o ano que vem, dois-dois comer caruru "(d.p.)