Minha boiada Minha vara de ferrão O meu carro aonde passava Deixava rastro no chão Por que está triste O meu velho companheiro? É porque sinto saudade Do tempo que fui carreiro E os seus olhos Por que vive a lagrimar? É porque estou muito velho E não posso mais carrear Minha boiada Minha vara de ferrão O meu carro aonde passava Deixava rastro no chão Velho carreiro, conforme com seu destino Mas seu moço, eu fui carreiro desde o tempo de menino Deixe esta vida, esqueça sua boiada Olha, um carreiro nunca esquece a sua vida passada Velho carreiro, como chama vosso boi? Chama saudade de um amor que já se foi Se eu pudesse queria de coração Que o meu carro e a boiada carregasse o meu caixão E um retrato Eu queria sobre a lousa Por lembrança de um carreiro Que nesta campa repousa Minha boiada Minha vara de ferrão O meu carro aonde passava Deixava rastro no chão