Quando eu vejo um caminhão Transportando uma boiada Lembro do tempo de peão Da minha vida passada Passei minha mocidade Viajando pelas estradas Laçando zebu arisco Pra não deixar de arribada Saí do estado de Minas Junto com a peonada Viajando noite e dia Nas estradas empoeiradas Quando chegava em São Paulo Que era o fim da jornada Mil e duzentas cabeças Entregava na charqueada Eu tinha uma mula baia Das orelhas entesourada Era era marchadeira Das quatro patas ferrada Quando passava na rua Saía fogo da calçada A peonada tinha inveja Da minha besta dourada Todas as coisas têm seu tempo Tem dia e hora marcada Eu deixei de ser peão Hoje não faço mais nada Por causa dos movimentos Nas estradas asfaltada Os caminhões tomaram conta Do transporte de boiada Eu vendi a mula baia Nunca mais toquei boiada Mas tem noite que eu sonho Com o gado da invernada Guardei pra recordação Da minha vida passada O berrante e uma guaiaca E um par de espora prateada