Cantar ciranda É como se aventurar A viver em alto mar Pescando numa jangada Vela esticada Chuva e Sol, frio e calor E eu me sinto um pescador Puxando a rede pesada E a cadência compassada Da jangada balançando Imita o povo dançando Minha ciranda embalada E a cadência compassada Da jangada balançando Imita o povo dançando Minha ciranda embalada Cantar ciranda É balanço de maré Quando vem forma um balé Quando vai carrega areia Me arrudêia Um temporal carrancudo Quando vai carrega tudo E quando volta incendeia E a poesia vadêia Igualmente um bumerangue Em cada gota de sangue Que corre da minha veia E a poesia vadêia Igualmente um bumerangue Em cada gota de sangue Que corre da minha veia Cantar ciranda É como um jogo de azar Quando eu saio pra cantar Não sei se amanheço o dia Patifaria Não me atinge o coração Pois eu tenho a proteção De um puder que me irradia E uma trombeta anuncia Que o mundo está se abalando Toda vez que eu estou tragando No cachimbo da poesia E uma trombeta anuncia Que o mundo está se abalando Toda vez que eu estou tragando No cachimbo da poesia Só pode ser Coisa de feitiçaria Arrilia do sotaque É tão bom que até arrepia Cantar ciranda É como fotografia Faz morada na memória Desde o primeiro dia