Depois de ouvir muitas histórias de berrante Eu achei interessante contar a minha também Porque na vida eu nunca fui boiadeiro Nem tão pouco berranteiro minha história vai além Este que eu tenho em minha sala decorando Ou talvez simbolizando a dura vida da estrada Faz muito tempo que por mim foi fabricado Porém nunca foi usado num transporte de boiada Eu tinha um sítio pertinho de Pederneiras Terra roxa de primeiro era a joia da região E numa junta de boi manso ensinado Tinha o carro conservado só pra manter tradição De vez em quando mesmo sem necessidade Lá ia eu pra cidade punha o carro no estradão Quando eu voltava depois da ração comendo Os meus bois iam bebendo nas águas do ribeirão E numa tarde lá no alto da invernada A morte fez emboscada naquele cedro frondoso Tão de repente levantou um temporal Uma faísca mortal levou carinho e mimoso E ao perder os meus bois de estimação Senti dor no coração e chorei feito criança Com os seus chifres decidi naquele instante Fabricar esse berrante e guardar como lembrança