Sérgio Reis

Chico Mulato

Sérgio Reis


Na volta daquela estrada bem em frente uma encruzilhada todo ano a gente via  
Lá no meio do terreiro a imagem do Padroeiro, São João da Freguesia. 

No meio tinha fogueira em redor a noite inteira, tinha caboclo violeiro  
E uma tal de Terezinha cabocla bem bonitinha, sambava nesse terreiro 
Era noite de São João estava tudo no sertão, estava Romão, cantador, 
Quando foi de madrugada fugiu com Teresa pra estrada pra confessar seu amor  
Chico Mulato era o festeiro caboclo bom, violeiro sentiu um frio em seu coração 
Tirou da sinta um punhal e foi os dois encontrar, era o rival, seu irmão. 

Hoje na volta da estrada em frete aquela encruzilhada, ficou tão triste o sertão 
Por causa de Terezinha essa tal de caboclinha nunca mais houve São João. 

Tapera beira de estrada que vive assim descoberta  
Por dentro não tem mais nada, por isso fica deserta  
Morava Chico Mulato, o maior dos cantador  
Mais quando Chico foi embora na vila ninguém mais sambou 
Morava Chico Mulato, o maior dos cantador  

A causa dessa tristeza sabida em todo lugar  
Foi a cabocla Teresa, com outro ela foi morar  
E o Chico acabrunhado largou então de cantar 
Vivia triste calado, querendo só se matar. 

E o Chico acabrunhado largou então de cantar 

Emagrecendo, o coitado foi indo até se findar  
Chorando tanta saudade, de quem não quis mais voltar 
E todo mundo chorava a morte do cantador  
Não tem batuque, nem samba, sertão inteiro chorou. 
E todo mundo chorava a morte do cantador.