Num vazio da vida pode tudo estar claro E ao mesmo tempo como vidros no olhar Na madrugada as certezas se dissolvem E o frio da noite insiste em embaçar o meu ver A taça se quebra e o vinho se mistura ao sangue Abro a janela e a chuva se confunde com as lágrimas Arrebento a vidraça e os estilhaços que se espalham Brilham como a lua sobre a minha escuridão Rasguem as cortinas – essa é a vida! Abaixem as armas – não há mais luta! Exaltem seus espíritos – não há mais corpos! E tirem do peito o punhal – não há mais amor! Só há desespero quando tudo está perdido Só há devaneios quando o peito está ferido Só há uma saída, foge depressa Que pelo túnel passa para sempre e para nada! Rasguem as cortinas – essa é a vida! Abaixem as armas – não há mais luta! Exaltem seus espíritos – não há mais corpos! E tirem do peito o punhal – não há mais amor!