Camisa toda rasgada e o rosto todo suado Na cabeça um dilema entre a morada e o roçado Doze horas do dia, ele vê a serra tremer Não quer voltar pro almoço pra ver menino sofrer Procura uma sombra e senta pra descansar Olhando um eito de mato que ainda falta limpar Aperta a imbira que serve de cinturão E com a ponta da faca ele tira espinho da mão Ó vida triste, eita destino cruel Como é sofrido o trabalhador de aluguel O sol se esconde ele volta para o seu bem Assobiando a canção pra ela saber que ele vem Chega ao terreiro e vê a porta se abrir Encara um rosto tristonho se esforçando pra sorrir Olha na mesa os pratos quase vazios Sente no corpo toda a espécie de arrepio Se faz de forte e diz sorrindo pra mulher: Bote o cumê pros minino, que hoje eu só quero café