Nem acredito que depois De tanto tempo pelo mundo Eu estou voltando Pra abraçar os meus amigos Meus pais e meus manos Que na minha despedida Eu deixei chorando Depois de muitas madrugadas Tendo que encarar o medo E o frio das ruas Sempre na mesma jornada Uma vida crua É tão bom saber Que pra casa estou voltando Dentro da minha cabeça Posso ver a alvorada Num show de vida: É o Sertão Orquestra de passarinhos Bem-ti-vi fazendo a farra Nas asas de um gavião Dentro da minha cabeça Posso ver a alvorada Num show de vida: É o Sertão Orquestra de passarinhos Bem-ti-vi fazendo a farra Nas asas de um gavião Cheiro de terra molhada No alpendre a rede armada Menino de pé no chão Um abraço na natureza Um riacho em correnteza É show de vida: É o Sertão Um bule num fogão de lenha Ô de casa! É a senha Para uma prosa então Romeiros que passam na estrada Noite nua enluarada É um show de vida: É o Sertão Poema Incidental: A imagem que eu divisei Em tarde de sol bem quente Fez meu passado surgir De relance em minha mente Em sujinhos pés descalços Que corriam alegremente Sem sequer se importar Com o que virá pela frente E sem notar que o futuro Faz-se hoje, no presente