Samuel Úria

Eu Seguro

Samuel Úria


Tom: G

G
Quando o tempo for remendo,

Cada passo um poço fundo

E esta cama em que dormimos

For muralha em que acordamos,
  D7
Eu seguro.

E o meu braço estende a mão que embala
  G
o muro.

G
Quando o espanto for de medo,

O esperado for do mundo

E não for domado o espinho

Da carne que partilhamos,
  D7
Eu seguro.

O sustento é forte quando o intento é
G
puro.


G
Quando o tempo eu for remindo,

Cada poço eu for tapando

E esta pedra em que dormimos

Já for rocha em que assentamos,
  D7
Eu seguro.
                                 G
Deixo às pedras esse coração tão duro.


G
Quando o medo for saindo

E do mundo eu for sarando

Dessa herança eu faço o manto

Em que ambos cicatrizamos
 D7
E seguro.
                              G
Não receio o velho agravo que suturo.

Bb
Abraços rotos, lassos,
                        G
Por onde escapam nossos votos.
Bb
Abraso os ramos secos,
                      G
Afago, a fogo, os embaraços
 D7
E seguro,
                                  G
Alastro essa chama a cada canto escuro.

G

G
Quando o tempo for recobro,

Cada passo abraço forte

E o voto que concordámos

É o amor em que acordamos,
  D7
Eu seguro,

Finco os dedos e este fruto está
  G
maduro.

G
Quando o espanto for em dobro,

o esperado mais que a morte,

Quando o espinho já sarámos

No corpo que partilhamos,
  D7
Eu seguro.
                                 G
O que então nascer não será prematuro.

Bb
Uníssonos no sono,

O mesmo turno e o mesmo dono,

Bb
Um leito e nenhum trono.
                      G
Mesmo que brote o desabono
  D7
Eu seguro,
                                  D
Que o presente é uma semente do futuro.