Rosa de Vera Cruz, mística, luz, febril São tantas rosas, as Marias do Brasil A Viradouro traz emoldurada É negra a santa, na vermelha alvorada Um Vento, de Guiné soprou a sina Brilhou na Costa da Mina O céu de um afro luar Nas águas, resplandece a profecia Vertigem no olhar da menina O banzo das ondas do mar Do sal, na pedra do cais Partiu em romaria, pra Minas Gerais Maria do Egito, do ouro a pobreza Reluz a nobreza, missão que conduz Santa e meretriz, todo mundo é igual A sombra da cruz Na cobiça o corpo sangra, um grito corre na aldeia Baixou matamba, em noite de Lua cheia Batucaê! Butuque é acotundá! Roda saia, saia gira, na cangira do gongá Feitiço! Possessão, ventania, uma prova de amor A fé no divino, deságua um Rio em seu clamor Força ancestral, africana raiz No Primeiro livro, de uma negra no país Visão, duas arcas a navegar Abrigou mulheres, em seu caminhar No encanto de Sebastião Uniu a coroa, por uma nação Ecoam tambores, marimbas em louvor Candombes pra santa no andor Nesse cortejo, o samba roga a vós Ave Maria viva, livre em cada um de nós!