O lavadeira quem lava no areal Do Abaeté de lagoa escura Arredoada de areia branca, ô areia branca Do Abaeté de lagoa escura Um farol vermelho e branco ilumina salvador Abaeté, espelho d’água de Itapuã Mulheres doces, punhos cerrados Os pés descalços a caminhar Esse caminho sem fim, da luta contra o algoz Um pouco de mim, numa falange de nós Sou Maria de xindó filha de mãe lavadeira O canto das matriarcas e a fé das recadeiras Em fevereiro vou levar flores ao mar Nas águas doces lavo meus balangandãs Ora yeyê oxum na força de um punhal Kaô kabecilê, justiça ancestral E no tambor malê meu grito a ecoar A liberdade o povo negro vai cantar Vamos chamar o vento eô Vamos chamar o vento ea Vem Sol pra lavadeira lavar Vem Sol pra lavadeira lavar Xaréu, robalo, guaricema e peixe galo Odoyá minha rainha traz o pão de cada dia Sereia menina, princesinha do mar Na puxada da vida não deixa meu barco virar Saia de roda de samba, samba de areia, cirandar Samba de roda, de bamba roda da vida, vai girar Sou quitandeira, sou cantadeira Na lida do dia a dia, sou ganhadeira Canta a libertação em forma de oração Na passarela vem a nossa procissão Vim da Bahia pra vadiar Vou cair na gandaia Viradouro Viradouro vira mar Tô de alma lavada