Entra na porta e sente o obscuro anonimato Compreende o presente e atua no momento exacto Não ambiciono o trono, não quero nem tenho dono Eu sei que tou a dormir mas não consigo sair do sono Identidade oculta, mentalidade adulta Não quero a consulta, comigo não resulta Tens um segredo importante, então diz-mo Quero a solução pa' não caires no abismo O mundo 'tá a ver tudo, fica de olho atento O fundamento é falado num argumento O que é que é especial? O que é que é normal? Falo demais e a expectativa já não equivale Maturidade gradual desde o início Fixa-te no real, manda fora o artifício O ódio é a praga humana, o amor 'tá extinto E eu tou perdido neste labirinto É o que eu sinto Tenho muitas cartas, mas não tenho nenhum trunfo Existem muitos contras para ter o tal triunfo Vejo o tempo a passar e uma pessoa a sujeitar-se Tens de ser tu próprio, nunca vivas num disfarce E o regresso é feito num discurso visionário Todo o sucesso é temporário Toda a gente tem talento, qual é a arte que dominas? Inova e constrói, nunca a metas em ruínas Frontalidade é importante, caga na ameaça Mas conta com aquilo que te ultrapassa Palavra passa, às vezes toca, às vezes não fala Quando ela é de graça é que é tipo uma bala Que atravessa a mente como se fosse uma seta Palavra infecta quando alcança a sua meta Não brinques com isto, porque isto é coisa séria Antes de falares, primeiro estuda a matéria Julgamentos improvisados sem sequer ter veredictos São socos e gritos, ninguém vai parar os conflitos É tipo um desfile. Quem é que é imbecil? Quem é que representa a delinquência juvenil? O sangue que se derrama, já galaste o panorama Uns fazem pelo respeito outros pela fama Tu queres um drama? Então aluga um movie E sabes que esta merda nunca foi nem é novidade E tu fica à vontade Não queiras ver a vida atrás de uma grade Toda a tribo tem um xibo e tens de contar com isso Porque é que o juiz é metediço? Pensa no que vem, na sensação futura Foca-te no tempo e cria uma estrutura Sentimentos entregados nunca são avulso E, por favor, respeita o sangue que tu tens no pulso Ouve lá, ó Samuel Tu metes-me em cada alhada Vamos lá a ver como é que eu consigo Fugir desta enrascada Eu já tive a tua idade E tu p'ra'qui virás Na altura não havia tanta vaidade Porta-te bem, meu rapaz Não gostas de me ouvir? Não fiques com essa cara bonita Porque, p'ra mim, seria mais esquisita Se estivesses a sorrir Mas isto é uma brincadeira Vamos lá ver pra onde vai Seja de qualquer maneira Sou teu avô, não sou teu pai Adeus, até à próxima!