Amar é o verbo revelado Pela boca da divindade Só deve ser invocado Em caso de necessidade Esse verbo não se explica Á luz crua da razão Ele é a jóia mais rica Da arca da criação Podem-no pôr no altar frívolo duma canção Praticá-lo até gastar Mas não o invoquem em vão Não invoquem o amor em vão Não invoquem o amor em vão Podem-no usar com rendas Ou enfeites de algodão Para tapar bem as fendas Por onde sopra a solidão Podem dá-lo ao desbarato Podem-no até vender Metê-lo no guarda-fato E dá-lo à traça a comer Podem-no usar no chão Como capacho dos pés Mas não o invoquem em vão Não o sujem com clichés Não invoquem o amor em vão É pecado como deitar fora o pão Não invoquem o amor em vão É pecado como deitar fora o pão