São oito menos cinco Já piquei o cartão Para começar o dia Entro na oficina São oito menos cinco De mais uma bela matina Ao toque da sirene Ponho as mãos no aço Saltam as limalhas Ficam no cachaço Ao toque da sirene Marco o meu compasso A manhã vai lenta Do meio-dia nem sinais Tenho a boca amarga Com o sabor dos metais A manhã vai lenta E as horas duram mais Vou fumar um cigarro Até ao w. c. Sabe-me pela vida E sempre dá alento Vou fumar um cigarro Aproveito e queimo o tempo O que vale é sexta-feira Depois é dia de alcova Cuidado com a soneira Cuidado com o escova O que vale é sexta-feira Sexta-feira nem que chova Vou indo devagar Não ligo a louvores Não me vou esfolar Também não sou um sorna Mas para a obra acabar Há tempo até à reforma