Nas estradas onde eu passo ela passa tão bonita Enfeitadinha de fita Ela fica tão menina nos meus braços, eu abraço as cordas finas Quando ela desafina, desatina meu compasso Mas meu canto não perde o desembaraço Meu coração é um pedaço de amor que eu sempre dou pra ela Cada fita é pra mim o raminho de oliveira ou quem sabe um galho de espinho Pra coroar o penar dos lavradores o cantar dos cantadores Os amores que consolam minhas dores Ô viola! Vai dizer ao prazer dos delatores Que vamos encher o mar de flores, Das Dores do meu bom coração A viola é companheira dos trovadores menestréis, cantadores de cordéis Dos meninos nordestinos que já nascem grandes improvisadores Dos poetas e vaqueiros brasileiros Que tem rimas na cachola e nunca vão pedir esmola Com a viola fazem parte de uma arte que não parte mais Camponesa e cantadeira, é princesa e lavadeira, minha viola é lutadora Plantadora, professora e secretária, operária brasileira Pecadora e rezadeira, seu trabalho É como galho da roseira que dá flor a vida inteira Sua voz é uma canção companheira do meu coração Poderia ter o nome de rainha ou de uma mulher que não tinha receio De chegar em qualquer meio e gritar por seus direitos De cantar os seus valores, seus defeitos E louvores dessa vida desprovida dos amores Feita só de dissabores , Maria das Dores! Meu amor