É como da videira, a seiva brava o sangue das orelhas de Van Gogh O fruto da loucura amarga e trava adoça e queima, é branco e sem sabor E nós, que somos filhos de Tupã, América do sol sopramos longe, da praia das mulheres de Gauguin Que bebe sol de fogo como esponja E a da navalha vai lá, vai Em busca das artérias do pescoço O sol dependurado, o pé que cai um cão é devorado pelo osso Mengana, Caporanga e Taiti palavras dissolvidas na lembrança a moça diz uns versos em Tupi uns versos persistentes como a ânsia E Quito toca um samba do João aos pulos, num balanço de renovo A isso, alguém chamou recriação e salve a voz de Deus e a vez do povo No porto, a nave louca vai saindo crivada de holofotes e faróis Anton por um momento está sorrindo passando por bequadros e bemóis o rosto da mulata está brilhando o sol da Amaralina faz dormir a voz das águas claras está chamando eu quero te levar, quando partir o mato está crescendo no pomar Ciana, Mariana até amanhã o sangue da cultura vai brilhar na folha da navalha de Gauguin