Um rouxinol acorda os outros passarinhos Como um maestro, ele conduz o seu coral Pintor de todas as manhãs, o sol morninho Seduz as flores com seu beijo matinal Olho que vê tamanho encanto da janela Não sei se meu ou se o de Deus está em mim Estou setembro, vinte e um, é primavera! Meu coração amanheceu feito jardim Nun alegreto inusitado, as borboletas Vão espalhando grãos de pólen a granel A terra fértil, mãe feliz, e tudo aceita Há comunhão nesta estação, entre ela e o céu Fascínio assim, de flores, já não há quem pinte Só mesmo o traço inconfundível de Monet Ou o delírio extasiado de Stravinsky Para com sons a primavera conceber Mas que mulher exuberante, a primavera Ela é a prima mais querida do verão E embora o outono morra de paixões por ela É o inverno que ela traz no coração