Tenho a alma mais antiga que as razões do continente Guardei luas e divisas, circunstâncias do meu nome E anoitece ao sul do mundo da garganta dos cantores Casta índia, espanhola solidões arabescas Conduzindo tropas largas, do sacramento a colônia Changueador descharreteando meia lua de uma lança Esparramei meus ajojos nos descampados da pampa Das patas dos redomões de Don Pedro de Mendonça Prolongavam os meus braços três pedras e uma lança Tenho a idade do couro às margens do rio da Plata Andei fogoneando saudades na madeira da vihuela Que um dia chegou a mim das investidas da Ibéria Então levantei estâncias nas coxilhas sepilhadas E os mandamentos do charque me plantaram nas ramadas Depois mangrulhei fortins com o ferro branco da adaga Se hoje a alma é forjada com o sereno de querência É porque trago a essência tingida das quatro luas E a cada uma delas, maneada a minha existência