Quando canto uma milonga Com o silbido do vento Eu transporto sentimento, Pro alambrado da guitarra Com duetos de cigarra Meu purajei se entrelaça Ponteando a história machaça Pra o corredor da garganta Legendas da minha estampa Florão do garbo da raça. Quando canto uma milonga Eu ouço o choro do arreio E o aroma do pastoreio Bordado de maçanilha Sobre o altar da coxilha Onde o verso campeador Com cismas de ser pastor Quer se juntar na invernada Sem sombras de maneador Meu canto é a biografia Que traz relato da pampa De touro chairando guampas De alçados sem costeio De domadores e tropeiros Romanceando estradas longas Até que a boeira se ponga Pra outro canto dos galos Por isso me sinto a cavalo Quando canto uma milonga Quando canto uma milonga Minh´alma vem para os dedos Repontar os meus segredos Invernando nas ilhargas Qual entrevero de carga Trançando lanças no espaço Meus dedos ponteiam o braço Sobre as cordas candongueiras Que são tentos de fronteira Aguentando o cinbronaço Quando Canto uma milonga Num verso de cola atada Ressucito a madrugada Entre tições de fumaça E o meu verso se adelgaça Pra ficar melhor de encilha Sai o ronco da virilha Fica a força do potreiro Pra pechar rima em rodeio Nos campos da redondilha.