Eu ia contar Eu juro que tentava não me esquivar Mas toda hora a vida vinha sabotar Me censurar em pausas Tentei cantar O moço que arrebatava o meu olhar Desde quando nossa vida era brincar Na rua da sua casa Que ficava atrás da minha Sendo ponto de encontro Para inventarmos uma trilha Que nos levava um ao outro E eu sei que aquela vida Caducou em tanto escombro Mas a mesma fantasia De amor é meu assombro Desisti de contar Eu acho que o menino estava a namorar E um rapaz que conheci veio convidar Pra jantarmos a noite Mas devo, será?!, pensei Se aquele vadio continua a me bagunçar? Eu juro, tento, mas não consigo me contentar Com essa friendzone Que tinha estabelecido Quando não beijei sua boca No verdade ou desafio Dando a chance à outra moça O tempo passa e eu desatino Com esse vai e vem atoa Nós já estávamos crescidos Então não quis mais dar de louca Pode falar? Poder eu posso, eu só tô um pouco atrasado Então deixa pra lá! Imagina, eu também tenho uma coisa pra contar Vish! Já vai casar? Vou radiar - quer dizer - adiar Certeza? Assim dá tempo de pensar e me arrumar Acho melhor, então, a gente se encontrar Na rua da sua (minha) casa Fiquei à tarde inteira Expulsando os meus medos Decorando alguns poemas E relembrando nosso enredo Mas de noite não aparecera Nem sequer por um torpedo Explicando a hora e meia De atraso Agora sei lá O que aquele moço ia me contar Se é papo furado ou se ele ia se declarar Ou se ia deixar eu falar primeiro Eu ia contar Um caminhão de coisas Mas um outro, lá Atravessou o seu caminho E não deixou Eu contar meu segredo