Estrada longa me acenou quando eu nasci Nem bem guri eu já montava um baiozito Saber de rumos sempre foi o meu ofício E por municio o chimarrão, mesmo solito Estrada longa, que mistérios me dizia? Lombo de pedras e poeira no horizonte Quanta vontade de ficar no meu rincão E, ao mesmo tempo, de varar a mesma ponte Estrada longa, de olhos turvos e matreiros Que tudo sabe, o que há na frente e o que me espera Talvez não queira me contar porque tem medo De ver mais um na solidão noutra tapera De manhãzita eu já me avisto campereando Recolutando alguma rês extraviada O campo verde me aprisiona e me liberta E até me esqueço que sou lindeiro da estrada Erguendo frutos, no cercado junto a casa Mantendo a brasa pro churrasco da picanha Quem me garante que partindo eu tenho o mesmo? E a estrada longa permanece a mesma estranha