Quando Deus criou o pingo Por certo prendeu-lhe o grito Encheu o céu de rosetas Pra ginetear no infinito Os olhos de pirilampos Que brilham na noite escura De um rastro de três marias Para encurtar as lonjuras Só duas coisas me acalmam Quando a saudade me mata A boa rédea de um flete E a noite bordada em prata Nasci pra sovar cavalos Com estrelas no garrão Pra um dia talvez alguma Lá do céu trazer pra o chão Mas potro que me carrega Não pode ser como eu Que vivo a contar estrelas Na sina que Deus me deu Tem que ser bem monarqueado Doce de boca e campeiro Enfrenado a moda antiga Pra não ficar estreleiro A potrada que eu encilho É minha constelação E as estrelas são tropilhas Pastando na imensidão Mal comparando uma estrela Que cair perdendo trilho É um potro que se aporreou Por não nascer pra o lombilho