Já apeei muitas coplas Em cantigas fogoneiras Riscando o lombo das rimas Com esta garganta campeira Desamoitando meu canto Na mais guapa reboleira Dos taquarais primitivos Da velha costa ribeira Por ser guasqueiro de versos Vou trançando rima e couro Meu canto luzi na prata E traz bordados de ouro Pois são aperos de lei Que eu herdei de meus avós E trago a força da raça No timbre da minha voz Por isto solto sinuelo Da minha tropa verdade E vêm com sede de essência E fome de liberdade E um canto de pelo mouro Trazendo cheiro da estrada Que venho acordando as estrelas Pra clarear as madrugadas Brotam com cheiro de cinzas Esse fogão campechano Aquece a alma e o sangue Desse cantor haragano Que se fez um patriador Por sina, sorte ou destino Vou transpondo os horizontes Nesse andejar teatino Por isso escutem senhores Nas verdades que hoje falo Que aprendi pelos galpões E no lombo dos cavalos Nas duas canas das rédeas Foi que engrossei meus calos E entoei meu primeiro canto Ouvindo o cantar dos galos