Posteiro desde mocito Na estância nasce na sina Nesses confins que ainda existem Perdidos pelas coxilhas Num fundo que era no fundo O que sabia do mundo E o que andou como sina Coxilhas, campos, canhadas Moldados na imensidão O que mais faltaria a um homem A feito a terra e galpão E sempre foi mui sereno Que tinha sonhos pequenos E raízes firmes no chão Cacimba beira do rancho De angico firme no esteio Abrigo pras invernias Um bom pingo, bons arreios Um poncho pátria pro frio Conhecedor do jugeriu Para curar o mal mais feio Parceiro do tempo largo Lavando a erva do mate Num silêncio quase eterno Igual prosa de mascate Como então acreditar Que sua história ia chegar Nesse tristonho arremate Pois um dia acharam o João Ao palmo de uma cadeira Um pañuelo no pescoço E a morte por companheira O rancho num abandono E um cusco velando o dono E pendia da cumeeira Ninguém jamais entendeu Porque se matara o João Senhor das lidas campeiras Serviçal feito um peão Ninguém podia entender Porque partiu sem dizer Que morreu de solidão