Nos meus guardados recolho um tempo (que o próprio tempo não lembra mais) e o jeito antigo que o avô charrua bebeu da lua pra me batizar. Guardo o amargo que amarga a fronte do velho horizonte que o sol desbotou, e um olho d'agua chora a saudade da antiguidade que o Rio Grande herdou. Nos meus guardados afago um pago que anda vago pelo corredor, de uma gente que atropela os dias em horas vazias de arado e flor. Dos meus guardados eu trago as penas da manhã serena que lambe o capim, e a alma viúva de rondar esperas de uma tapera que ruiu em mim. Dos meus guardados apartei um tanto do tino de campo que a razão me deu, pra tombar semente num fundo de estância quando eu for distância e enraizar de vez.