Uma rédea suspensa numa mão Noutra firma os dedos no bordão Ouve os passos que se movem a seu lado Busca as sombras de olhar embaciado Outro dia sem porfia, outra espera à sua espera Cresceu breve na fronteira do xaroco Aprendeu a ser dócil e a ter pouco Descalço ou de toscos tamancos Brincou entre cerros e barrancos Berço cedo fora, já homem noutra hora Desce a encosta, os anos empurrando Vai subi-la, eles pra trás puxando Tateando no desvio aos escolhos Bendito burro que é os seus olhos Foi pastor, levou cabras às ribeiras Descansou ao abrigo de azinheiras Nesta terra cor de rosmaninho Varejou, ordenhou e pisou vinho Toldado mais um sonho num copo de medronho Nos poiais há silêncio de lembrança Nem um choro, ao longe, de criança Foram anos sem chegadas, só partidas Perdeu conta a tantas despedidas Este velho é do monte, mais o burro, é do monte