Da janela vejo a serra Rara tela, mera solidão De dia quase é ela À tarde sim ou talvez não De noite um céu só, Com estrelas de ilusão Lá na serra mora gente Num inconstante vai-e-vém Gente que não mais se sente Sonhando sempre ir mais além E nesse sempre quase nunca, Se lembra de só ser alguém Eu vou, eu vou, eu vou pra serra, eu sou Eu sou , eu sou eu sou de terra Pintou, pintou um canto prá te mostrar Terra, musa, distante vizinha, Velha, nova, quase uma irmã Tu és de todos e também és minha Mas és mais tua abnegada cã Sem lua, nua tu vestes o horizonte Em solitárias, pálidas manhãs Lá na serra não pousa o rei Penso nisso haver algum engano Andei, rodei, me perdi e me achei Nos teus braços soberanos Te cheiro, sinto e me despeço Ao som de um velho piano Eu vou, eu vou, eu vou pra serra, eu sou Eu sou , eu sou eu sou da terra.