Quando o Sol à tarde incendeia as nuvens por sobre os montes A cigarra canta e o rio murmurando nas fontes E os passarinhos buscando os ninhos pra descansar Pego minha viola e sento no alpendre para rezar Mãe de todos nós abençoa a vida do homem do campo Pois o que ele deseja é regar a terra com seu suor E com seu trabalho, matar a fome e enxugar o pranto E no dia a dia construir uma vida bem melhor Vejo onde vivo animais tratados melhor que gente Enquanto meus filhos não tendo forças nem pra sonhar Vão vivendo a vida, enfrentando a lida lá no batente Vão sem ter escola, recebendo esmolas que vem de lá Eu até poderia mudar-me um dia deste cantinho Mas indo pra cidade quanta maldade se tem por lá E em lutas sofridas, perder a vida numa favela Porque deixar meus filhos sem ter destino e ao Deus dará? Mãe, tu me perdoa, esta mágoa à toa que trago agora Pois tenho esperança, que a minha herança há de chegar O seu filho ensina que a toda sina se paga um preço Sei que no futuro este quadro escuro há de clarear E o que me consola é esta viola que tenho em meu peito Pois em suas cordas se acomoda o meu coração E com esta enxada, eu farei a luta da esperança E desta terra amiga, eu terei guarida, sossego e pão E desta terra amiga, eu terei guarida, sossego e pão