Chega de adiamentos! Cansei de esperar! Faço agora o que há muito tempo deveria ter feito Voltar ao cerne de mim. Antes que a chama se alastre E tome conta de tudo, antes que tudo se acabe E do meu âmago não reste nem as cinzas Antes que meu pó seja levado pelo vento Chega de adiamentos! Cansei de esperar! De esperar por alguma coisa impossível De esperar por alguma coisa que não existe Ou uma coisa qualquer que nunca existiu Volto ao cerne de mim, ao meu âmago Pra encontrar alguém que não existia Pra encontrar alguém que nunca existiu Sei que a curiosidade pode matar Isso ninguém precisa me dizer Eu nunca pensei em matar alguém E não me interessa se alguém acredita Também nunca disse que queria morrer Muitas coisas nem sempre são ditas Mas em nossa cabeça elas vão e vem Chega de adiamentos! Cansei de esperar! Dou meia-volta e retorno pela estrada Até me tornar um pontinho Que finalmente voltará ao nada De onde não deveria ter saído Um nada, qualquer coisa sem sentido Que não pode mais atrapalhar o caminho Chega de adiamentos! Chega de esperar! Dei meia-volta e estou voltando agora Volto na esperança de me encontrar E quando me encontrar, irei embora