Remisson Aniceto

Manto de Flores

Remisson Aniceto


Quando eu morrer, não cubram de flores o meu caixão
As flores devem enfeitar a vida e não a morte
Não matem as flores, arrancando-as do chão
Culpando-as pelo meu azar ou pela minha sorte

Deixem-nas vivas, colorindo tudo com o seu encanto
Perfumando os campos e as cidades, do Sul ao Norte
Quando eu morrer, não quero flores mortas como manto
Por que tirar a vida delas pra celebrar a minha morte?

Quando eu partir, não me cubram com flores
Que ninguém as arranque na minha despedida
Ceifando o seu perfume e apagando as suas cores

Na verdade, só quero alegria na minha partida
Pois amei, fui amado e tive mais prazeres do que dores
Sejam felizes, que serei feliz nos jardins da outra vida