Sentinela, guardião do luar, arco-íris, se a palha queimar, lá se vai o espantalho febril. Paletó, uma casca, um botão, se o vento soprar, lá se vai o espantalho pro rio. Foi num dia de outono qualquer, sinhá-moça chapéu lhe bordou, coração, espantalho ganhou, o amor, espantalho entendeu. Como as flores que caem no chão, espantalho a dor conheceu. Um amor impossível de ter. Um amor impossível de ser... Se o bom vento soprasse o nunca, e a brisa leve trouxesse o talvez, e o castelo dos sonhos repousasse a noite nos olhos de um sentimento aberto só pra nós dois. Se o vento pudesse espalhar a palha queimada a fio pelo fogo do seu coração, mesmo as cinzas perdidas no rio, voltariam ao mesmo jardim, onde o amor, espantalho entendeu. Mas num dia de inverno qualquer, vento forte levou seu chapéu, lá se foi coração livre ao céu, disparando nos braços de alguém, espantalho o amor entendeu...