A vontade é de explodir, é tanto o acumulado Só me sinto desolado, pelo tempo aprisionado Miserável dotado, sou observador calado Solitário vagabundo neste caos cultivado Eu já não quero ficar bem, eu 'tou farto de ficar bem 'tou farto de para ti nunca conseguir ser ninguém E o pensamento de outrora com o teu nome carimbado Dá lugar a um holograma onde estou a teu lado Em paralelo subo ao palco, vejo a sombra na plateia E sinto-me tão vazio por ver esta sala cheia Sou o relato de mim próprio com toque de solidão Desapareço na distância que me rompe o coração Leva o conforto na certeza que alguém por ti espera E deixa comigo a mágoa que no dia-a-dia impera No regresso de mão dada, sou ausência notada Fica com o teu mais que tudo e deixa-me ser o nada Diz-me Quantas Vezes mais me vais julgar Apontar o dedo ao que eu traço Criticar tudo o que faço Diz-me Quantas Vezes mais te vais enganar Esconder aquilo que sentes Nega, mas eu sei que mentes A chuva pisa o chão a cada gota que lhe toca Cada verso é pressão que o teu sorriso provoca O que oculto com receio, é o orgulho que nega Num coração que 'tá repleto daquilo que não entrega A decadência é fascinante e eu sou calor da adrenalina E daquilo que ontem fui, já só sobra a ruína Neste embrulho de emoções, tiro o laço com receio De encontrar dentro dele a resposta p'ró meu anseio Neste enquadramento eu não me enquadro nem um pouco Sou um verso de liberdade neste livro de sufoco Sou uma página na folha, só metade do que queria Saturado da tristeza que levemente asfixia Vivo coberto pelo pó da importância que não tenho Estou farto de fazer desenhos e não ser parte do desenho Eu já não quero fazer parte, eu só quero ser a parte Que quando parte, deixa o teu coração a metade Diz-me Quantas Vezes mais me vais julgar Apontar o dedo ao que eu traço Criticar tudo o que faço Diz-me Quantas Vezes mais te vais enganar Esconder aquilo que sentes Nega, mas eu sei que mentes