Chuva fria fim de tarde Invernia tempo osco Cheia de sanga correndo Na curva do último posto Nos galhos de uma figueira Corcoveando a contragosto Num ranchito de barreiro Topando os ventos do agosto De uma borrega abichada Não salvou nem o pelego Talvez negando serviço D enpochar os meus arreios Deixando vida por terra Pra ser morte lombo alheio Ou então só serviu pro campo Vir mais verde no janeiro Quem sabe o couro encharcado Não tenha a culpa final O sangue brotando quente Sobre as cruzes de um bagual Mas se a sina campeira De sofrer pelo mais trigal Em tempos de geada fria Mormaceira ou temporal Não pergunte quem não sabe Dos encantos a neblina Não se pede ensinamento Do que só o campo ensina O horizonte assim tão perto E a alma quase não atina Sentir na ponta dos dedos O mais distante das retinas Nas paredes de algum poncho Gotaços de alguma saudade esquecidas Deixar correr nas rédeas Alguma sobra perdida Da manga d'água insistente Sobre a pampa cingida Beija o potro que se ergue Na primeira luz de vida Depois é cherga no arame Um poncho sobreando varal Rédeas secas penduradas Sobre as voltas do buçal Na cerca um laço espichado Pra completar um ritual Da liturgia campeira Que o peão traz consigo miçal