No quarto impecável, ao lado do corpo, A carta, com um último artigo a sair no jornal de Domingo, No correio dos leitores, Dizia assim: " Sou jovem, Honesto, estudante, trabalho, sou pago: Eu pago os impostos, as letras, os juros, da casa, dos móveis, dos livros na estante, dos discos, dos filmes: que hei-de fazer? Eu vou ao cinema, eu leio poemas, gosto de ler! Eu voto, eu escolho, eu olho nos olhos dos casos, dos factos, das coisas concretas: Eu não tomo drogas, não sou alcoólico! Eu estou preocupado e um pouco dorido Ao ver que em várias revistas adultos, Ministros, artistas, nas entrevistas da tv, Demonstram que os jovens são brutos, boémios, incultos, autistas, não têm emprego, ou são arrivistas e mal educados: São tão depressivos, são tão destrutivos, que hei-de fazer? Com 23 anos já não faço planos: para quê? Eu vivo da esperança na vaga mudança que nunca vai acontecer: Eu não tomo drogas, não sou alcoólico!